Sobrinhos do Ewald

Locutor da Sessão da Tarde : Uma galerinha do barulho apronta as mais loucas aventuras comentando tudo sobre cinema como você nunca viu !

Friday, November 04, 2005

Diário da Mostra Estrelar - Dias 7 e 8




2046 - Os orientais me decepcionaram nessa Mostra. Muito. Devia ter desconfiado do esperado "2046". O diretor é o chinês Wong Kar Wai, de "Amor a flor da Pele", que eu já não tinha gostado em nada. Aliás "2046" é uma espécie de continuação de "Amor...", e só por isso eu já não deveria gostar. E só Deus sabe porque eu não associei as coisas. Algum crítico idiota falou que era uma "revisão de Blade Runner oriental" e eu acreditei !!! Um dos maiores absurdos que eu já ouvi. Mas enfim, vamos ao filme.
Neste filme, Chow, que no anterior queria ser escritor, virou efetivamente um escritor, e seu primeiro livro é uma história futurista passada em 2046 onde um "trem de emoções" analiza os relacionamentos humanos. 2046 também é o número do quarto onde os dois amantes se encontravam no filme anterior, e Chow usa essas lembranças como base para o seu livro. O ator principal é Tony Leung Chiu Wai (de "Hero"), que manda bem, mas não é suficiente para segurar o filme. A narrativa amarrada de Kar Wai cansa - e muito - e dá a nítida impressão que não tinha roteiro suficiente para o filme. Por diversas horas o filme é chato e dá sono, muito sono.
Qualquer crítica positiva que você encontre a esse filme, é mentira. Grossa.


Oliver Twist - O novo do Roman Polansky é bonito, competente e com o tempo levará o mérito de ser o filme mais esquecível do diretor. Por ter sido o mesmo que fez "O Bebê de Rosimary", "Chinatown", e o genial "O Pianista", "Oliver Twist" será uma boa sessão da tarde no futuro. Mas como disse, o filme é bonitinho, principalmente pelo elenco que tem o jovem Barney Clarke muito competente no papel de Oliver e Ben Kingsley genial, irreconhecível como o caricato Fagin. O filme é uma adaptação de um conto do inglês Charles Dickens - com roteiro de Ronald Harwood, o mesmo de "O Pianista" - e é um filme bem "inglês" por assim dizer (Pouca gente vai entender esse comentário), com aquelas passagens não muito coerentes para quem não conhece os hábitos dos inglêses. A história é sobre o pobre garoto orfão Oliver Twist que escapa da uma casa para qual ele foi "doado" (é, os orfãos eram vendidos) e parte para Londres para viver no submundo do crime inglês. Um bom filme do Polansky, uma história bonita, um bom elenco...E nada demais. Ainda não consigo dizer se o Polanksy é um gênio, ou é um bunda.


Seven Swords - "Qi Jian", Coreano e ruim, muito ruim. Uma tentativa de ser um novo "Hero", um novo "O Tigre e o Dragão"e não passa de um Jiraia mal feito. O diretor chinês Hark Tsui chupou discaradamente "Sete Samurais", clássico do Kurosawa : Na antiga China o Imperador decreta que todos os que praticam artes marciais devem ser eliminados. Para isso, claro, ele tem um exército que ganha por cabeça dos mortos. Sete cidadões de uma aldeia que está para ser atacada recebem 7 espadas "mágicas" com as quais eles conseguem se proteger do terrível exército. Muito fraco. O começo do filme me lembrou os primeiros episódios de Lion Man, com cenas de sangue típicas de filme B. Incrivelmente ruim, tem uma ou outra boa tomada de luta, e só. Roteiro confuso e vazio, atores muito fracos - até mesmo o bom Donnie Yen de "Hero" - e a fotografia, que costuma ser o melhor nos filmes asiáticos (não japoneses) horas acerta, horas é horrível. Enfim, não vel o tempo perdido. Outra decepção com os orientais nessa Mostra.


Incautos - Mais uma bela surpresa dos latinos, que filmaço ! Na mostra estava rolando uma série de "homenagens" e entre elas a atriz espanhola Victoria Abril estava em diversos filmes da mostra. "Incautos" é espanhol, tem a direção de Miguel Bardem e o elenco - que me parece ser ponto comum entre os latinos - é ótimo. Além de Abril, tem Ernesto Alterio no palpel principal e Federico Luppi - no papel de co. Curiosidade que cada um usa seu nome verdadeiro no filme, Ernesto e Federico. O filme tem todo jeitão de "Onze Homens e um Segredo", tem ritmo, tem fluxo... Tá, tem uns furos de roteiro, mas quem liga ? O que importa é que é bem divertido. O filme conta a história da vida de um trapaceiro, Ernesto, e o maios golpe que ele já deu na vida. No caminho ele aprende as dicas do ramo com Manco (Manuel Alexandre, também ótimo) e Federico - o maior trapaceiro da história. Não esperava nada desse filme a acabou sendo um dos melhores na mostra. Muito bom.

Recomendados por amigos : El Aura, Mooladé (Filme Senegalês !!!),Sra Henderson Apresenta, Flores Partidas, O Inferno.

Não recomendado por amigos : 2046, Batalla en el Cielo, Willenbrok, Eleição, Where the Truth Lies.

Tuesday, November 01, 2005

Diário da Mostra Estrelar - Dias 5 e 6



Habana Blues : Uma das boas surpresas da mostra, começando pelo ingresso que eu ganhei de uma desconhecida na fila do cinema. Ainda existe gente bacana no mundo ! E o filme é muito bom ! Filme cubano que conta a história de uma banda, o Habana Blues, liderados por dois grandes amigos Tito e Ruy. Vivendo sob as complicadas condições de Cuba, ambos sonham em fazer sucesso comsua música e serem levados para fora do país. De uma história que teria tudo para ser bobinha, vira uma boa e grande surpresa e você se pega envolvido com os personagens e no final da história até batendo o pé junto com a música. Grande parte da boa aceitação do filme está no casting impecável. Os atores são ótimos, muito carismáticos e competentes, o que os torna cativante imediatamente. Ambos seguem a linha do "malandro cubano", um mulherengo o outro trambiqueiro. Alberto Yoel faz o papel de Ruy e Roberto Sanmartin faz o papel do impagável Tito. Destaque também para Yailene Sierra que faz o papel de Caridad, a esposa de Rui. Filme de Benito Zambrano, filmado totalmente em Cuba. Muito boa surpresa.

Manderlay : Vou comentar sobre esse filme melhor depois. Em um primeiro momento não sei bem o que achar dele. Pra quem ainda não sabe (o que me parece impossível pelo "hype" que esse filme teve na mostra) é a continuação de "Dogville" do Lars Von Trier, que não consegui praticamente ninguém do filme anterior. A idéia é fazer uma trilogia criticando o "American Way", e nesse filme o assunto é Racismo.

De cara : Nicole Kidman faz falta, acredite. Bryce Dallas Howard, que a substitui não deixa a peteca cair completamente, mas não é a Nicole Kidman, acredite. Quem diria. Bem, outra : o Michael Cann faz falta. O cara já nasceu gangster. Quem faz as vezes dele aqui é o bom, mas exagerado, William Dafoe. Mas o filme está baseado nos talento de Dallas Howard e o veterano Danny Glover. Porém é complicado dar ritmo no filme, uma vez que o Von Trier não fez nenhuma inovação. E talvez por isso eu não tenha gostado tanto em um primeiro momento.

"Dogville" é legal porque é inovador. A narrativa é interessante, a idéia de não ter cenário é legal, se basear quase que totalmente no talento dos atores e do texto genial...Mas todo mundo esperava algo novo em "Maderlay". E...É a exata continuação de "Dogville" mesmo, sem tanto brilhantismo dos atores (apesar do Glover ser legal). O texto continua bem feito.

Desta vez Grace, saindo de "Dogville", para em "Manderlay", onde uma escrava pede ajuda para um escravo que está sendo chicoteado. Disposta a ajudar - sempre - Grace utiliza os gangsters do seu pai para conseguir a liberdade dos escravos. Nesse meio tempo, a dona da Fazenda, já com certa idade, morre e pede um "último favor" a Grace. Os escravos, que deviam estar contentes por conseguir a liberdade, passam a ter os novos problemas do "direito adquirido". Grace resolve ficar no local para garantir que tudo vai correr bem com os escravos. É o racismo mostrado de todas as formas, nos negros para os brancos, dos brancos para os negros, etc.

Se você não gostou de "Dogville", passe longe. Se você gostou, não espere muito.

Recomendações dos amigos : Clube da Lua, O Elo Perdido, Acusado, Napola - Antes da Guerra, Brothers, A criança, Eu, você e Todos Nós, Palavras de Amor, Heróis Imaginários, Mistérios da Carne.

Não-Recomendações dos Amigos: Lemminng - Instinto Animal, O mundo, Caché (sim, super "hypado", do Michael Haneke, dizem que não lembra nem de londe a genialidade de "Professora de Piano"), Uma mulher contra Hitler, Uma vida iluminada, Bye Bye Blackbird, Os primeiros na lua.